Com o fim da guerra contra o Paraguai, ex-combatentes
dos dois países permaneceram nesta região, surgindo os primeiros
núcleos de povoamento, aumentando as áreas de pecuária.
Em 1882, foi implantada a Companhia Mate Laranjeira que
explorou a erva-mate com o uso de trabalhadores paraguaios e índios
guaranis.
Em 1884, veio para o local que mais se tornaria o
município de Dourados, o seu primeiro morador, José Serrano
(mineiro), que se fixou em Potreio Guassu.
Em 1885, chegou o paulista Francisco Xavier Pedroso.
Em 1893, estourou a Revolução Federalista no sul do
Brasil, obrigando os gaúchos fugirem, vindo muitas famílias para
Mato Grosso do Sul, aumentando, ainda mais, as áreas de pecuária.
Mas desde o princípio desta ocupação, houveram
muitos conflitos entre os colonos e a Cia. Mate Laranjeira, como
documento a seguir nos mostra:
“Acresce que a proposta submetida pela referida
empresa à deliberação da Assembleia, além de consultar altos
interesses do Estado, tanto no presente, como no futuro […] ainda
viria facilitar a solução de um temeroso problema […] aludo à
imigração rio-grandense que, de dia a dia, vai se avolumando e
estendendo pelo sul do Estado, onde os adventícios tratam logo de
ocupar terrenos devolutos [leia-se dos índios], pela
facilidade que encontraram, o que faz prever que, dentro de mais
alguns anos, essa colônia dominará, pelo seu número e extensão,
toda aquela região, constituindo, por assim dizer, um Estado no
Estado. E como o governo estadual atento a grande distância da sua
sede, para ali, e a dificuldade de comunicação, não terá meio
para fazer sentir sua ação, a consequência será a possibilidade
de frequentes sedições, ou ao menos de resistência ou desacato ao
poder constituído. Da palpável conveniência de certos centros de
resistência àquela perigosa expansão, o que proporcionaria, muito
naturalmente e sem suspeita, o estabelecimento das empresas que se
propunham fundar a Cia. Mate Laranjeira e seriam exploradas por uma
companhia sucessora, organizada com capitais ingleses, pois as terras
devolutas cedidas por compra ou arredondamento passariam a ser
ocupadas pelo pessoal da sociedade anônima e assim não estariam à
mercê dos primeiros ocupantes na corrente migratória
rio-grandense, que teriam de respeitar a posse mantida por uma
companhia estrangeira poderosa que no caso de conflito poderia
provocar, por via diplomática, a intervenção federal.” ( Joaquim
Ponce Leal: Os homens e as armas, conflito campo-cidade no
Brasil, 1921).
Em 1896, foi formada a primeira fazenda de plantio de
lavouras, pelo mineiro João Ferreira.
Nos anos finais do século XIX chegaram as famílias de
Marcelino Pires (paranaense) e dos Torracas. Em 1905, foi Joaquim
Teixeira Alves que se estabeleceu em nosso município.
Nesta época, os principais produtos eram o gado e a
erva-mate.
Em 1910, Marcelino Pires registrou as suas terras e
doou 4 mil hectares para a formação do Patrimônio de de São João
Batista de Dourados, depois elevado a condição de Vila das Três
Padroeiras.
Em 1914 foi criado o distrito de Paz de Dourados que,
em 1932, recebeu do governo do Estado uma área de 20 mil hectares
para a formação do município, no entanto somente chegaria a sua
emancipação administrativa em 20 de dezembro de 1935.
Um município não se forma apenas com a vontade de
algumas famílias ricas que tem seus nomes imortalizados em ruas,
praças, etc.
Forma-se pela luta do trabalhador pobre que chega em
áreas novas em busca de vida melhor e enriquecimento.
É o conjunto dessas forças e de interesses que vai
tornando possível.
No nosso caso só aconteceu porque uma vez tomada s
terras dos índios, os grileiros ou posseiros foram aumentando cada
vez mais a sua quantia de terra, e como não podiam trabalhar toda
esta terra, obrigavam os índios, os negros, os pobres a trabalhar
por baixos salários, levando seus patrões ao enriquecimento em
pouco tempo, regularizando mais tarde a posse da terra e as
escrituras.
Mas não devemos nos esquecer que os imigrantes também
ajudaram, é o caso dos paraguaios, paranaenses, paulistas, mineiros,
europeus e asiáticos que derrubaram a mata e tornaram a terra
agricultável e em uso.
Como
se desenvolveu
A partir de 1943, um fato muito importante iria mudar,
por completo, a história de nosso município: a fundação da
Colônia Agrícola de Dourados, pelo então presidente Getúlio
Vargas.
Era uma área de 300 mil hectares, abrangendo as terras
dos municípios de Douradina, Fátima do Sul, Jateí, Glória de
Dourados, Deodápolis e Angélica, que pertenciam na época aos
índios, mas que foram colocadas como terras devolutas que a União
usou para fazer este assentamento de família, restando aos índios
um pedaço de terra de 60 hectares junto ao distrito de Panambi, ou
foram levados para a reserva de Dourados, criada para este fim em
1929.
Em relação à área da Colônia Agrícola de
Dourados, esta foi dividida em lotes de 50 hectares, atraindo
famílias de paranaenses, paulistas, mineiros e nordestinos, que
quando aqui chegaram trouxeram o tipo de cultura que já conheciam:
os cafezais.
Para plantar os cafezais foi preciso fazer um grande
desmatamento, aumentando em muito as áreas de plantio do município,
entre os pés de café eram plantados o algodão, o arroz, o feijão,
milho, etc. o que enriqueceu em pouco tempo os tipos de plantio de
nossa região.
Pessoas em frente à um barracão (1920)
Marcelino Pires
* Texto retirado dos arquivos da escola, desconheço o autor.
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